Monday, June 9, 2025

63 - Princípio da Regência - 1

































A Kotter Editorial de Curitiba estará em breve lançando na forma de livro, os apontamentos que de início formavam nossa apostila com o título de O Histórico-Antropológico.


A tese sobre o Princípio da Regência é um dos capítulos do livro.

kotter.com.br
Lançamento para os inícios de Agosto:
kotter.com.br/loja/pre-venda/o-historico-antropologico

Para Contatos, Comentários e Palestras, mande sua mensagem:
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Sanpedritoenlasierra.blogspot/Discussão-Política-está-Amordaçada



1. O Princípio da Regência

Na História da Antiguidade

Na Antiguidade um Princípio de Regência devido a uma ordem natural universal foi sempre dado de modo tácito, ou como pressuposto, junto às concepções éticas e políticas das monarquias, ou Principados:
O modo de regência monárquico não era dado criticamente, por si mesmo, mas apenas conforme os termos valorativos:

1) O Príncipe ama seu povo, ou não; Ele é amado pelo povo / ou não;
2) Comanda bem seus generais e soldados / ou não;
3) Tem sabedoria administrativa, ouve os conselheiros e conhece seu país / ou não;
4) O Príncipe governa segundo a Lei Divina / ou não...

Também na China, Ordem Natural e Ordem Histórica pertencem a um mesmo contínuo de pensamento, conforme as tradições do Taoísmo, e de Confúcio. Estas Tradições trazem noções complementares, ao longo do tempo, de conduta individual, ética civil, e regência de inspiração “celestial”, a partir de 500 aC.

Na continuidade desses valores antropológicos, em Esparta [séc. V aC] um regime comunista semelhante ao da União Soviética foi instalado. O resultado foi uma grande superioridade militar, que derrotou o regime de repúblicas atenienses, que eram oligárquicas. Em Atenas, as repúblicas eram sucedidas por períodos de curtos principados, onde os “tiranos” poderiam significar novos líderes “libertadores do povo”... Ou não – sendo novamente substituí-dos por repúblicas instáveis, etc.
O Senado Romano era um mistura monarquia-república. Os Senadores eram conjuntamente chefes-de-estado aristo-cráticos, porém certos rituais republicanos de eleições eram observados. Com o tempo [c. 150 aC], um Parlamento Popular foi estabelecido.
Quando Julio César comanda a derrota do regime do Senado, e se instala como Príncipe, ele é visto como chefe-libertador, e não como “usurpador” de uma República Senatorial falida. Nesse sentido ele é comparavel ao Lênin da revolução de 1917.
No séc. II dC, cinco reis denominados “Antoninos” foram reconhecidos como Príncipes Esclarecidos em Roma: estáveis, cultos, aceitos pela sociedade nas várias classes.





Dom Afonso Henriques























A Reconquista e a Fundação de Portugal

A Reconquista na Hispânia das terras conquistadas pelos Mouros se inicia com Fernando I, de Leão e Castela, que reinou entre 1037 e 1065, e fez a tomada de Coimbra em 1064. Afonso VI foi seu sucessor (1065-1109), que atingiu a linha do Tejo em 1085, conquistando Toledo, antiga capital dos Visigodos. Os Cristãos conquistam Santarém e Lisboa em 1093, mas perdem essas cidades em seguida, com a chegada dos temíveis guerreiros Almorávidas, convocados pelos Mouros desde o Norte da África. A contra-ofensiva muçulmana faz com que Afonso VI peça ajuda aos cavaleiros cristãos do Sul da França: à Abadia Beneditina de Cluny, e ao Duque de Borgonha, sendo Afonso VI casado com a filha deste duque.
Filhos de nobres da Borgonha, os jovens cavaleiros Raimundo e Henrique vieram à Espanha buscar sua fortuna. Raimundo se casou com uma filha de Afonso VI, e herdou o condado da Galícia. Henrique se casou com outra filha de Afonso, e herdou o condado de Portucale (1096). Sendo falecidos Raimundo e Afonso VI, e com o falecimento de Henrique em 1112, seu filho Afonso Henriques se torna o herdeiro natural do condado de Portucale, sendo ainda uma criança. Sua mãe Teresa assume a regência.
Em 1127, com 18 anos, Afonso Henriques participa da resistência em Guimarães contra as tropas do novo Rei de Castela, Afonso VII, que exigia que sua soberania fosse reconhecida pelos portucalenses. A vitória em Guimarães marca efetivamente a independência do condado em relação a Castela. Em 1128 (19 anos) lidera a rebelião dos nobres locais contra Teresa, que se associara ao clã dos Trava, da Galícia, que pretendiam submeter Portucale ao Condado da Galícia. Esta data, que marca o início de seu Reinado, é a data de nascimento do novo Reino Portucalense.
Afonso Henriques se revela um chefe-guerreiro incessante e memorável: incansável na recuperação dos antigos territórios célticos e visigodos, distribuindo as terras conquistadas entre colonizadores, recebendo apoio e emigrantes de várias frentes da Reconquista Cristã e da França.
Em 1131 ele desloca sua corte para Coimbra, na fronteira em que o Rio Mondego separava as províncias cristãs dos reinos mouros, o que indicava sua intenção de expandir seu antigo condado. Nos anos 30 Afonso Henriques faz incursões em território mouro, fundando o Castelo de Leiria, e vencendo tropas mouras em Julho de 1139 na Batalha de Ourique, que se tornou lendária. O novo príncipe portucalês teria tido uma visão celestial, o que indicaria a visão do Cristo a lhe abençoar as campanhas militares. Esta batalha se tornou a fundação mitológica do Reino de Portugal: Afonso Henriques se auto-intitula Rei dos Portugueses.
Conquista Santarém (Rio Tejo) em 1147, depois de uma tentativa frustrada de tomar Lisboa em 1142, que permanecia um grande centro de poder e cultura islâmica. Afonso Henriques vê na passagem de uma frota que descia da Europa do Norte, para combater os mouros em Jerusalém, uma oportunidade para a conquista de Lisboa. Oferece aos cruzados benefícios na forma de direito de saquear a cidade uma vez derrotada, ou de se fixarem em territórios que ele doaria. O cerco a Lisboa foi doloroso e durou de junho a outubro de 1147, com conflitos entre as hostes cristãs de portucalenses e dos cruzados, pois a estes últimos só interessava o saque. Vencida a grande capital, o Rei dos Portugueses toma iniciativas de povoamento nas terras férteis do Tejo. Cavaleiros flamengos e francos recebem incontáveis doações de propriedade e senhorio, o que continua durante o reinado do seu sucessor Sancho I. Entre outros, o Mosteiro de Alcobaça (1153) teve papel de destaque no povoamento, desenvolvimento agrícola, e produção para o mercado. Alguns monges eram templários, cavaleiros religiosos em combate ao Islã.
Afonso Henriques continua chefiando incursões militares no norte, e no sul, até ser ferido na perna e derrotado na Batalha de Badajoz em 1169, quando chega a ficar preso pelo Rei de Castela. Reina até os 76 anos, tendo seu filho Sancho como sucessor em 1185.



Península Ibérica circa 560 dC


Veja em: Apostila O Histórico-Antropológico


2. O Republicanismo
História Moderna desde final Séc. XVIII

O Republicanismo desde meados do séc. XVIII. Ética e Filosofia dos Iluministas.

2.1. A concepção política de muitos dos Iluministas era a de que as monarquias seriam intrinsecamente despóticas, sempre tendo o povo sob “dominação”... O Republicanismo seria a resposta ética natural: O Parlamento e o Executivo sob eleições; os eleitores como cidadãos independentes e esclarecidos. O Executivo com ministros indicados pertencentes aos partidos eleitorais; Judiciário autônomo, imprensa livre, etc.
O peso moral de algumas décadas de pregação republicana no séc. XVIII (na França) resultou na revolução de 1789. Esta revolução, que pretendia instaurar uma república burguesa, termina em retumbante fracasso.
A ascenção de Napoleão sugere um sub-consciente na sociedade, e uma nostalgia popular (de soldados que o seguem), de um Princípio de Regência, na forma monárquica da antiguidade. Napoleão faz acenos à burguesia, tentando às vezes se comportar como burguês... Também seu regime vai se tornando caricato, até ser destronado, mas o princípio monárquico que reinstaura a dinastia Bourbon em 1818, agora é explícito.
Em 1830 a monarquia Bourbon é substituída pelos de Orleãns, que obtém certa estabilidade política, com um regime que tenta manter um “acordo-de-classes”, entre povo, burguesia, aristocracia feudal.
A forma monárquica que equilibra politicamente as três principais classes da sociedade, foi conhecida pela primeira vez, na história da Europa, com o advento da dinastia Aviz em Portugal, a partir de 1385.
O Cesarismo e Napoleanismo seriam como um reinício histórico “do ponto zero”: na medida em que as repúblicas ou principados fracassam, exatamente por não serem capazes de obter o “acordo-de-classes”.

2.2. Na forma dos assim chamados Socialistas Utópicos, a república burguesa apenas precisaria ser reformada por atos de “boa-vontade”, sinceros, democráticos, cristãos, para se atingir a estabilidade social.
Pode-se argumentar que a questão da “igualdade democrática” não é o que estaria em primeiro plano, mas a questão de uma redistribuição, a qual possa permitir no futuro alguma maior “igualdade social” – no sentido de uma equivalência cívica e jurídica.
Esta redistribuição é um ato de regência, ato governamental de um estado-república pleno. Porém, também poderia ser feito por uma “monarquia esclarecida”.

2.3. Nos anos 1860, 70 e 80 Marx, e Engels até os anos 90, entenderam que não seria necessário um “rompimento” da ordem burguesa-republicana, com a “ascenção do proletariado”. Aquilo que se convencionou chamar de Blanquismo... Isso devido ao fracasso das revoluções de 1848, e da derrota em 1871 da resistência em Paris.
Todos os socialistas entendiam que poderiam haver “reformas”, e melhor consciência política dos trabalhadores, em se mantendo os termos republicanos vigentes, parlamento, partido organizado, jornais, etc.
A revolução de 1917, liderada por Lênin, leva a um paradoxo: do ponto de vista da propaganda burguesa ocidental, ele seria um déspota. O Leninismo surgiu como doutrina da “ditadura do proletariado”, que havia sido abandonada desde as revoluções do séc. dezenove.
Porém, para seus seguidores, ele é um tipo cesáreo, ou napoleônico: sua ditadura do proletariado é vista como fato social, a questão é “contra quem”, e a “favor de quem”, seu autoritarismo se impõe.
No período do regime policial, burocrático e militarizado de Stálin, a situação se torna explicitamente cesária: O chefe agora é um General que tem toda a autoridade, porque comanda a defesa da nação contra invasores. A Russia estava sendo atacada, sem ter ameaçado nenhum país.
2.3.1. Ora, mesmo que uma revolução do tipo leninista seja assumida por líderes neste modo cesáreo (Mao na China, Fidel e Khadafi], com tempo, ela deverá ser capaz de trazer uma Regência para a nação, não importando se ao modo monárquico ou republicano.
O Princípio de Regência aqui será ato-de-vontade, direção, conhecimento. Assim como é para os socialistas utópicos o planejamento da produção, das cooperativas, redistribuição, emissão estatal da moeda, etc.
Um regime hipoteticamente comunista, em que a igualdade entre todos os cidadãos seja intencionada, permanece necessitando determinar seu modo, ou princípio de regência, não importa se aristocrático, republicano, ou principado.
Na maioria das vezes os regimes socialistas se pretendem como Repúblicas.


Francia 714


3. Termos Críticos e Teóricos:

3.1. Um Princípio de Regência pode ser reconhecido, não importa se como resultado de uma guerra-civil entre as classes, ou se como resultado de um acordo-de-classes.

3.2. No Marxismo o termo “luta-de-classes” se tornou hiperbólico. A princípio teríamos um “conflito de interesses entre as classes”.

3.3. Seja como república ou principado, um regime do tipo soviético deve ter sua emergência planejando a produção, e fazendo o acordo entre as classes.
Ou, da mesma forma, um regime que fosse resultado de um tipo pacífico, cristão e utópico de “democracia”. Este regime teria que definir sua regência: não apenas no modo de governo, mas na forma do Estado, seus rituais, as lideranças, e sobre quais seriam as instruções cívicas do povo, das classes médias, etc.
O acordo entre as classes não seria de fato o “igualitarismo” social, sendo muito mais um acerto de compensações para as “diferenças sociais”. Ou seja, as diferenças como afirmações de especialidades e qualidades – não como “diferenças opressivas”, etc.

3.4. Todas as formas de repúblicas falharam nos séculos XIX e XX: as de base política liberal-burguesa, e burguesa-capitalista; de base popular-democrática, ou social-democrática; ou a república soviética.
3.5. A definição de Liberalismo se perdeu no século XX: Os autores Liberais do séc. XVIII desejavam justamente uma República que concedesse a seus Concidadãos todos seus direitos... Isso significava a princípio proteger os cidadãos dos abusos de autoridade monárquica/aristocrática, contra seus direitos de livre iniciativa profissional. Da mesma forma como diferenças sociais: proteger os pobres contra os ricos.
O sentido de Liberal, assim, não apenas não é o atual “neo-liberal”, como na verdade é antagônico a este sentido de “capitalismo generalizado”. Tradições “de Esquerda” apressadamente atribuem aos Liberais epítetos de “Direita”.
3.5.1. Como “Direita”, podemos ter a “Direita Moderada” ou Conservadora, que quer retardar as reformas sociais, porque afirma “o povo não está preparado”... Porém se utiliza de esquemas fisiológicos, e não da violência verbal. Já a “Direita Reacionária” é diferente: apelo verbal à violência e aos militares, à ação política, intensificando o conflito de classes. Já a “Direita Fascista”, são reacionários que decidiram pegar em armas, eles mesmos, para instaurar sua ditadura anti-popular.
3.5.2. Como “Esquerda” nós temos os Utópicos do séc. XIX, que acreditavam nas reformas benevolentes. A Esquerda Reformista, ou Social-Democrata, está mais preocupada com a organização e educação das massas, com mais ou menos conflitos no âmbito republicano. Porém, o que realmente importa é o estabelecimento de uma República que Planeja a Produção, que detém ou controla as indústrias, e que controla a emissão da moeda, e impede o parasitismo financeiro.
3.5.3. A noção de “Social-Democracia”, entretanto, foi associada pelos bolcheviques pós-1917 àquelas práticas que defendem as reformas sociais, porém sem jamais atingir o Estado Socialista, capaz de planejar a produção. Esta concepção, nos casos iniciais históricos, foi injusta -- como no caso da dedicada atuação de Karl Kautski nos anos 90: [a]
A “Esquerda Bolchevique” (Leninista) supõe que o Estado Socialista somente poderia ser alcançado com revolução popular, com apoio de sindicatos, e dos soldados.

[a] Podemos ler em G.D.Cole, History of Socialist Thought, 1957, London, Vol II, pag. 434:
Este é, assim, o Programa de Erfurt que os social-democratas alemães delinearam [1891, com a liderança Karl Kautski], se acreditando como marxistas sinceros, na aurora de sua recuperação da liberdade de propaganda, havendo sido repelidas as Leis Anti-Socialistas. Eles tiveram a assistência de Engels para a formulação de seu Programa, e o seu suporte político entusiástico, com sua preparação final. Em 1895 ... Engels escreveu sobre o P.S.D. alemão e seus dois milhões de eleitores como sendo
- a massa mais numerosa, mais compacta, a força-de-choque decisiva do exército proletário internacional -
Ele escreveu entusiasticamente acerca do excelente uso que o Partido havia feito do sufrágio universal, e contemplava cheio de expectativas o tempo em que eles teriam o suporte não meramente de um-quarto, mas de uma nítida maioria dos eleitores. Na mesma passagem ele deu ênfase às grandes mudanças que haviam ocorrido desde 1848 para a possibilidade de insurreições bem-sucedidas. Todas essas mudanças, ele dizia, tinham sido em favor dos militares, e contra os rebeldes, de modo que levantes não mais asseguravam, salvo sob circunstâncias muito excepcionais, qualquer chance de sucesso. Ele também dizia que os social-democratas alemães tinham demonstrado na prática que uma utilização maior poderia ser feita, das instituições de um governo constitucional capitalista, do que parecia possível em 1848, para avançar a causa dos trabalhadores...


3.6. Nesse sentido, os Liberais seriam o verdadeiro “Centro”. Porém, os Centristas por sua vez, podem ser meros oportunistas, fisiológicos... Ou serem líderes políticos atuantes que se preocupam com o equilíbrio/harmonia dos poderes dentro da Nação.
3.6.1. Nos anos 20 na Alemanha, e nos anos 50 no Brasil, uma república liberal e reformista era desejada, e estava plenamente se formando entre as lideranças. Nos dois casos, as repúblicas, que deveriam desfrutar de estabilidade, e participação consciente dos cidadãos, foram destronadas por golpes de estado baseados em intrigas e propaganda, patrocinadas por espionagem e serviços de inteligência imperialistas internacionais.

3.7. Em todos os casos, os apelos à “democracia”, ou “igualdade”, “legalidade”, ou mesmo “justiça social”, etc, apenas obscurecem o fato de que a cada vez todos desejam ter sua definição de República.
Entretanto, em todos nossos partidos, sejam os liberais (sentido estrito), ou reformistas, social-democratas, populares e socialistas, a reiteração do termo “democracia” apenas sugere a falta de definição real de um conjunto republicano.
3.7.1. A questão das lideranças e de seus programas é que está em relevo -- A questão do “poder popular”, em que pese seu caráter legítimo, adquire no tempo um valor mitológico: a participação popular depende de um certo período, até que o povo tenha consciência republicana adequada... Portanto, são as regências, isto é, os jogos de liderança, que deveriam estar em primeiro lugar.

3.8. De um modo geral a Dialética da História seria a de que uma ordem social inicialmente cívica e solidária, daria nascimento a um Estado. Esse Estado se tornaria a academia política da nação, onde os líderes apresentam governâncias que, ao longo do tempo, fariam a formação política e participativa de todo o povo.


Reconquista: as regiões de Castilla, León e Norte de Portugal foram tomadas no séc. XI -- Coimbra em 1064, não em 1109


62 - Princípio da Regência - 2













Lisboa: Paço da Ribeira, antes do terremoto de 1755


4.0. Em toda a História das Humanidades que conhecemos, o Modo Militar é a Forma Antropológica inicial. O Modo Militar é a forma social dos guerreiros, com seus generais e soldados seguidores. Com a vitória na guerra, o General vencedor se torna Rei Hereditário. Esta forma assim evolui para o Modo Monárquico, como forma de regência da sociedade.
O Modo Monárquico evolui para uma Forma Política, onde o Príncipe passa a governar para os súditos, é aceito, chega a ser celebrado. A Forma Política evolui para o Modo Cívico, onde as disputas políticas são levadas a termo de negociações, surgindo tipicamente como institucionalidades republicanas. A Forma Cívica finalmente abre o espaço para as formas de Sociabilidade: convívio comunitário, arte e cultura, comunismo produtivo.

4.1. A fórmula que ficou famosa como “ditado de Clausewitz” necessita de uma perfeita inversão: a Política é a Continuação da Guerra, por outros meios.

4.2. Assim como em Marx &Engels o Modo de Produção, a Divisão Social do Trabalho, é a Forma Antropológica mais determinante nas sociedades européias industriais, burguesas, do séc. XIX – a forma do Modo Militar é a mais determinante para todos os períodos históricos anteriores, ao longo dos séculos.
Entretanto, as classes burguesas perdem as regências do modo aristocrático, mas não conseguem estabelecer regências republicanas bem-sucedidas. Elas sofrem insurreições, ou têm que recorrer a caudilhos.

4.3. No séc. XX, a regência da Classe Financeira Internacional é um novo reinado de Regência desconhecido: baseado em jogos de propaganda, coleta de informações, e prêmios dirigidos aos Asseclas. A economia burguesa é subordinada ao financismo; os militares se atêm ao carreirismo; e os líderes políticos se submetem ao fisiologismo.

Veja nas páginas iniciais desse blogue.





Dom João IV deu início à Dinastia Bragança em 1640.




















Nos anos de 1580 até 1640, Espanha e Portugal estavam sob a mesma regência da coroa espanhola, com Felipe II e Felipe III. A Dinastia Bragança deu início ao Mercantilismo propriamente dito, em que a vida econômica era regida desde a Coroa, com as expedições militares dirigidas, cartografias e levantamentos, controle da emissão da moeda, e da obtenção do ouro e da prata, e da balança de exportações vs. importações.

 

O Princípio Diretor dos Estóicos

 














Apolo, Ática / Ano 277 das Olimpíadas


estoicismonagrecia.blogspot.com/2024/11/filosofia-da-stoa

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5.0) O Princípio da Regência e o Estado

Veja Apostila O Histórico-Antropológico; 2023, do Autor:

5.1) Os Povos necessitam de Príncipes e Repúblicas: O modo militar, aristocrático, monárquico evolui naturalmente para um Modo de Regência da sociedade. Não apenas os aristocratas impõem uma ordem civil de convivência ao povo: O povo também gostaria de ter uma Regência... que apenas os permitissem “viver em paz”.

5.2) O Princípio Diretor dos Estóicos: Na tradição dos filósofos Estóicos na Grécia (fundação da Stoa por Zenão de Citium, próximo a 300 aC), o Hegemonikôn designa a parte mais excelente da alma, seja do Zeus, divindade universal, seja de cada um dos deuses, ou dos humanos. Como consequência da atividade do Hegemonikôn do Zeus e seus auxiliares, todo o universo é atravessado por um Princípio Diretor ou de Regência.
Este termo é também muitas vezes traduzido como o atributo, ou “faculdade” de comando. No devir universal, ou Heimarmêne, os deuses são laboriosos, não oniscientes e onipontentes, mas produtivos, prodigiosos. Também eles devem produzir sínteses dialéticas na História Universal...
5.2.1) Para os humanos, o Hegemonikôn é a parte diretora, na alma, para as atividades do corpo físico e da consciência dos indivíduos.
No registro histórico dos poucos fragmentos de textos que restaram dos fundadores da Stoa, dessa concepção de Regência, que produz a Lei Universal, Zenão e Cleanthes derivavam uma ética de adesão, ou de se “viver conforme” as Leis da Natureza, Leis de Zeus, etc. Dessa forma temos uma Filosofia semelhante à do Logos Universal, de Heráclitos de Êfesos, ou do Tao Celestial, de Lao Tze, ambos contemporâneos em cerca de 500 aC.

5.3) Seja como fôr, a expectativa e a previsão da Regência surgem na natureza social – podem ser empiricamente determinadas, como interpretação da história, isto é, como Disciplina da História.

5.4) A Nação e o Estado: Quando uma Nação surge, se estabiliza, supera a violência das guerras inter-tribais, os representantes do poder nacional dão nascimento ao Estado da nação...
De início estas duas estruturas antropológicas compõem uma mesma realidade. Entretanto, com o tempo o Estado da nação se desdobra em sua vida interna: por maior que sejam os conflitos internos, os conflitos de classes, etc, o Estado surge como necessidade de estabilidade. Sendo despóticos os governantes, ou benévolos, a necessidade de mediação e estabilidade é uma demanda social, coletiva. Há um limite para os governantes despóticos uma vez que sua violência pode resultar em sua destituição... Em caso de guerra civil, não apenas o Estado é reconstruído, mas a própria Nação morre para nascer de novo.
Ou seja, a Nação como o resultado da vitória alcançada num concurso de guerras, e o Estado, não são apenas o resultado dos desejos, das ambições ou anseios dos povos: são estruturas sociais que levam os indivíduos, reis, generais, políticos, soldados, à ação, sem que eles tenham plena consciência do que fazem. A demanda surge no conjunto social, antes que os indivíduos decidam o que fazer a respeito.

5.5) Na formação da humanidade que nós conhecemos (limite empírico) sempre há uma sequência em que as nações surgem como resultado dos acordos, vitórias e derrotas na guerra. Em seguida, os chefes militares assumem casas reais e passam a ser estadistas. É a origem da noção de aristocracia como nobreza: “Aqueles que um dia lutaram” / “Agora assumem a governança”... Com a evolução da Regência reconhecida, esta adotará a forma de um Parlamento Real, e de vários tipos de Conselhos, ministeriais e judiciais; estes por sua vez evoluirão para um Estado Republicano. Todavia um Príncipe, mesmo um Condottiere burguês, poderia se manter indefinidamente, enquanto “Amado pelo Povo” / “Respeitado por seus Generais”.
Caso os Aristocratas sejam capazes de formar um Estado mediador dos conflitos internos, obtendo reconhecimento ou admiração nas camadas sociais, o Estado passa a ser o reiterador, o garantidor da Nação. Se os primeiros Reis forem arrogantes e desiguais, eles serão derrubados: novos governantes serão instaurados, no mesmo Estado; ou, o Estado é destruído, e com ele a própria unidade da Nação.

5.6) Contudo, para a análise das Nações e seus Estados que se originaram a partir das colônias européias, a sucessão Nação/Estado adquire aspecto diferente. Em cada caso, são os Estados formados nas colônias (Vice-Reinados) que recebem o encargo de criar a Nação a partir dos Estados.



Castelo em que nasceu Afonso Henriques, em 1109. Henriques era filho do Cavaleiro da Borgonha Henrique, que havia herdado Portucale em 1096 como um Condado da Coroa de Castela, depois de se casar com uma das filhas do Rei Afonso VI.


Sunday, June 8, 2025

61-Para Todos Aqueles que Desejam Encontrar
uma Pauta Política para os Tempos Pós=Modernos


Rua Nova Aurora = = > seguindo para Bocaina dos Blaudt = = > Desde 2013 as especulações conspiratórias formaram espessas nuvens obscurantistas em toda a região = = > o problema é que hoje em dia o pessoal "não lê nada" ... = = > A força dos ventos e dos raios do sol deve ser maior que o peso das nuvens sobrecarregadas = = >pois sim??


A tese das "Três Estruturas" foi apresentada no livreto com o mesmo título [2012] com a finalidade de se tentar descrever e compreender a evolução da sociedade ocidental até o final do séc. XIX... A partir desse momento, casas financeiras assumem a hegemonia sobre todo o conjunto político e econômico, em todas as nações ocidentais... As políticas imperiais e econômicas das nações, a vida interna das nações, não podem ser compreendidas no séc. XX, caso esta nova "classe no poder" não seja detectada... Por nossos acadêmicos, por nossos esquerdistas, e jornalistas que não devem falar de "conspirações"... E esta nova casta internacional é algo bem diferente do que as classes burguesas em cada país...

Com novo sub-título de Estudos sobre a Forma Imperial do Capitalismo Financeiro no séc. XX, este livreto está revisado e ampliado para segunda edição:
governo-washington.blogspot/2007/08/07-monark-financeira

De início, as 3 principais Formas Antropológicas que constituíram a Civilização Ocidental seriam: a Nação... o Estado... o Modo de Produção...
Porém a Religião também poderia aparecer como estrutura primária... Em outros exemplos, civilizações, ou culturas, poderiam ser organizados pelo hedonismo, pela arte, por pajés, assim por diante...


A Tese das 3 Estruturas

Este texto é parte da introdução de nosso lançamento
pela Kotter Editorial: O Histórico Antropológico
Veja a seguir:
governo-washington.blogspot/2025/06/63-principio-da-regencia-1.html


As análises de Karl Marx sobre o Modo de Produção podem ser vistas de modo razoável como o primeiro exemplo consistente de estruturalismo sociológico no Ocidente: nessas análises o modo de produção (a economia) é uma organização básica (estrutura), sobre a qual as formas ideológicas, jurídicas, institucionais vêm como “apoio”, isto é, como super-estruturas...
Essa proposição permite uma renovação generalizada nas ciências humanas, em que são superadas as leituras funcionalistas, utilitaristas, e de economicismo simples. Sendo uma versão de Economia-Política para a interpretação histórica e antropológica, o que se tem como Marxismo seria esta consideração permanente de que a economia/modo de produção/divisão social do trabalho, é aquilo que se compreende em primeira instância, para a determinação de todos os outros fatores sociais.
A leitura marxista, de início, é uma filosofia da história: as formas de consciência, subjetividade, ideologias, são determinadas pelas condições materiais de existência... Nestes termos, não é consciência, que se tem, dos objetivos e interesses econômicos, que determina a Economia; são as condições materiais de existência e de produção que determinam a consciência, que se tem, dos fatos sociais. E assim, estas determinações são bem mais complexas que aquelas indicadas na filosofia do sujeito e da razão “autônoma” da revolução burguesa (Esclarecimento, séc. 18).

O Marxismo, contudo, como Economia-Política, pode ser uma visão adequada apenas para os sécs. XIX e XX:
Quando assistimos a história da humanidade inteira, antes que esta ingressasse no período de modernização capitalista no séc. XIX, a leitura mais provável é a de que o poder militar (consequência, depois causa, das guerras) seria de fato a estrutura primária. E, nessa nova forma de compreensão, o Estado, as normas jurídicas, as lendas, os valores e dizeres corriqueiros... aparecem como Formas Sociais de apoio, de modo curiosamente equivalente à proposição marxista inicial.
Ao longo de toda a história, até este momento, a fundação e ordenação dos Estados foi consequência da vitória na guerra, do estabelecimento de cada nação como resultado de guerras regionais (ou tribais). Conforme a tese apresentada, os vencedores, uma vez dada uma união nacional, fundam seus estados governantes segundo uma arte inteiramente diferente daquela da guerra: os estados, inicialmente aristocráticos, devem agora servir aos interesses de produção, estabilidade, convívio, requisições e gratidão, etc. Sem dúvida a exploração entre as classes está presente, porém a governância passa a ser desejada como tal, por todos aqueles que agora vivem em estados nacionais constituídos.
Contudo, com o advento da sociedade capitalista, o Estado é capturado por uma nova classe, que não controla generais e soldados, mas controla a economia. A classe burguesa propõe seu projeto de República, de razão liberal, de democracia eleitoral. Se o projeto liberal fosse levado a todas suas consequências, a exploração das classes trabalhadoras seria levada ao máximo de negociações e humanismo. Como esse projeto nunca se realizou (devido a sua formulação idealista, apontado em Marx) naturalmente é a razão marxista que se torna previsível. Seja pelo conflito de interesses, ou mesmo guerra, entre as classes, a república liberal seria substituída por uma república planejadora da produção. Ou, da mesma forma, em função de negociações e democratização continuada na sociedade.
Uma outra hipótese previsível para a sociedade burguesa seria a restauração aristocrática, através da guerra... Nesse caso, os caudilhos bonapartistas, e os arroubos fascistas, representaram a nostalgia dessa possibilidade, na forma do pseudo-aristocrático.
Todavia, o que não foi previsto, a classe capitalista, com sua capacidade de centralização e organização da produção, teve todos seus valores, sua política econômica, suas Repúblicas, capturadas por uma nova classe, que aperfeiçoou os próprios métodos da burguesia, contra ela mesma...!



Maforte e Montanha da Boa Esperança ao fundo

A Tese das Três Estruturas pode ser assim resumida:
1) O Poder Militar: Finitudes implicadas na guerra, na exclusão, na inclusão, e no comando; a origem das nações; relações entre clãs e tribos. Nação, nacionalismo; imperialidade, imperialismo. A primeira estrutura como o inconsciente político: fazer morrer e fazer nascer; genética guerreira e genética amorosa.
2) A Formação do Estado: o Estado de uma Nação como estrutura social ao longo do tempo.
3) A Finitude Econômica: A política como função das formas sociais de produção; significado da interpretação marxista até nossos dias.

A tese histórico-antropológica no livreto mencionado é apenas uma sequência de anotações acadêmicas, e não tese universitária, uma vez que sua função é a de um manual para ação politica, para partidos e jornalistas. A maior parte do texto é dedicada ao Cenário Empírico, onde se descreve a formação da classe financeira dentro do capitalismo do séc. XIX, assumindo uma característica de classe feudal-despótica, e que ascende a partir da forma burguesa em função de sofisticados meios financeiros, técnicos, de inteligência, militares, etc.

Veja aqui o trecho sobre a formação da casta dos Banqueiros:
governo-washington.blogspot.com/02-money_control

E aqui o adendo de Eustace Mullins para a nova edição, com o comentário sobre A. Hitler:
governo-washington.blogspot/2008/04/17-xadrez-do-cabal


a montanha da Boa Esperança [Boa Vista, ao fundo na foto anterior] é uma montanha dupla, em que o pico maior, com 1.980 m. altura, parece estar colado ao outro monte cônico em frente [1.892]... entretanto, eles estão a 2 km de distância um do outro!! ... ilusão de ótica, pois não??
nesta foto, o pico maior está no círculo amarelo, e o pico menor é o cone que aponta p/o canto superior esq. da foto... entre os dois há uma planície, por onde passa uma estradinha que vem do alto do Macabu, e desce como uma trilha para o Sana... ao fundo esq. se vê a descida do Macabu p/ Boa Esperança... o despenhadeiro p/o Sana que domina a foto tem mais de 1.200 m. de altura!

A Nação e o Estado

Este texto também faz parte de nosso novo lançamento O Histórico Antropológico:
governo-washington.blogspot/2025/06/63-principio-da-regencia-1.html

1) Quando uma Nação surge, se estabiliza, supera a violência das guerras inter-tribais, os representantes do poder nacional dão nascimento ao Estado da nação... De início estas duas estruturas antropológicas compõem uma mesma realidade. Entretanto, com o tempo o Estado da nação se desdobra em sua vida interna: por maior que sejam os conflitos internos, os conflitos de classes, etc, o Estado surge como necessidade de estabilidade. Sendo despóticos os governantes, ou benévolos, a necessidade de mediação e estabilidade é uma demanda social, coletiva. Há um limite para os governantes despóticos uma vez que sua violência pode resultar em sua destituição... Em caso de guerra civil, não apenas o Estado é reconstruído, mas a própria nação morre para nascer de novo.
Ou seja, a Nação como o resultado da vitória alcançada num concurso de guerras, e o Estado, não são apenas o resultado dos desejos, das ambições ou anseios dos povos: são estruturas sociais que levam os indivíduos, reis, generais, políticos, soldados, à ação, sem que eles tenham plena consciência do que fazem. A demanda surge no conjunto social, antes que os indivíduos decidam o que fazer a respeito.

2) Na formação da humanidade que nós conhecemos [limite empírico] sempre há uma sequência em que as nações surgem como resultado dos acordos, vitórias e derrotas na guerra. Em seguida, os chefes militares assumem casas reais e passam a ser estadistas. É a origem da noção de aristocracia (nobreza). Caso sejam capazes de formar um Estado mediador dos conflitos internos, obtendo reconhecimento ou admiração nas camadas sociais, o Estado passa a ser o reiterador, o garantidor da Nação. Se os primeiros reis forem arrogantes e desiguais, eles serão derrubados: novos governantes serão instaurados, no mesmo Estado; ou, o Estado é destruído, e com ele a própria unidade da Nação.

3) Contudo, para a análise das Nações e seus Estados que se originaram a partir das colônias européias, essa sucessão adquire aspecto diferente. Em cada caso, são os Estados formados nas colônias (vice-Reinados) que recebem o encargo de criar a nação a partir dos Estados.




Rio Macaé próximo à nascente

4) Sendo uma colônia, o Brasil-Nação não foi fundado no séc. 16... Apenas, como integração dos rincões distantes, a unidade nacional é um feito militar dos portugueses. Porém a unificação dos povos e culturas aqui necessitaria de uma ação cívica: e esta fundação do Estado Nacional nunca se concretizou de forma eficaz. O Brasil ainda é expectativa, anseio; é como se fôssemos ainda uma Portugal-2... Tentando “pagar sua grande dívida” para com os africanos deportados para a escravidão e da mesma forma, em relação aos descendentes indígenas.*
    * Temas enfatizados pela historiadora Moritz, e por Darcy Ribeiro
É a verdadeira mesclagem dos tipos raciais, ou étnicos, ou dos costumes, que não se realizou até nossos dias. Na História européia, a mistura das tribos e das etnias se dá antes da formação das pequenas e grandes nações. Seja pela guerra ou convívio, o surgimento dos sentimentos de identidade nacional se dá quando o processo dos casamentos inter-genéticos já está bem avançado; ou seja, certos tipos que aparecem como “raças” são resultado híbrido mais ou menos padronizado e feliz de “raças” diferentes em contato por gerações.
Na colônia Portugal-2 a mescla mais feliz entre os três tipos de descendentes se deu somente em parte: algumas vezes à revelia do Estado; em alguns momentos, como resultado de providências estatais.

Por ex., como consequência da “Lei Áurea”, que ficou incompleta... A Princesa de então foi destronada antes que aprofundasse suas “reformas”... Também como consequência da “carteira de trabalho” getulista, que criava integração e mobilidade social, assim como o “abrir estradas” da era JK, quando as populações periféricas se aproximaram dos descendentes europeus no litoral.
Com o “bolsa-família” do PT faltou curiosamente uma Princesa em Brasília, para avançar o processo de integração, oferecendo às camadas populares, além da merenda, certas orientações cívicas e culturais, que devem preceder os atos e decisões políticas e eleitorais... e negociando com a classe-média, oferecendo mediação para que eles não se sintam “orfãos políticos” (Recaindo no fascismo, e aprofundando, ao invés de diminuir, o fosso entre as classes).

Entretanto, a cada nova fundação do estado nacional, Portugal-2 não se constitui devidamente como Brasil. A vinda de João VI em 1808, e a apressadíssima fundação de Pedro I, em quase nada contribuíram para a formação autêntica de um sentimento de nacionalidade (mais ainda, de fidelidade, etc; foram muitas as revoltas regionalistas).
[Pedro I poderia ser “Rei”, jamais “Imperador”, ficando a morar no Brasil, sem abdicar... é um milagre a continuação da Monarquia, quando uma República capitaneada por José Bonifácio seria mais natural].
O Reinado de Pedro II é somente o primeiro sinal de um Estado Nacional em projeto. Se as iniciativas providenciárias prometidas pela Princesa Izabel (junto a outras medidas de interiorização da cultura, etc) tivessem ocorrido, talvez a nação Portugal-2 tivesse alcançado a “transmutação” Brasil... Entretanto, o retumbante fracasso político do autoritário e deslumbrado Marechal Floriano; a República Velha (não constituída pelos Liberais brasileiros, que só foram convocados nos anos 20); a política ultra-classista dos latifundiários de Portugal-2 (e eles souberam bem modernizar sua capital em 1922, com bela imagem internacional...) deram ao estado nacional brasileiro essa aparência de monstrengo burocrático, incompetente, lerdo...

Ainda assim, é necessário ressaltar que são inúteis as anedotas usuais sobre os desacertos e truculência na colonização portuguesa... em nada diferentes de seus pares franceses, espanhóis, ingleses... P. ex., quando na antiga ilha de Hispaniola a população de escravos era de 10 africanos para cada francês, quando então os franceses foram derrubados e fundado o Haiti como nação... Quando se compara com o desencontrado destino da França bonapartista... E o saque homérico de Salvador, feito pelos holandeses de Maurício de Nassau... Quando se observa em todas as casas européias o irresponsável hábito do casamento combinado de princesas de 10 anos com príncipes de países distantes (dando nascimento a personalidades traumáticas)... quando vários governantes monárquicos “enlouqueceram”, ou perderam o controle, durante suas vigências, etc.
Depois da interrupção desastrada do processo de construção nacional ocasionado pela proclamação republicana em 1889 (quando o Marechal Deodoro era, ele mesmo, contrário a essa idéia), é a Revolução de 1930 o reinício da construção de um Estado que pudesse de fato integrar a sociedade nacional brasileira. Infelizmente para todos os países, em formação, ou antigos, o período da segunda guerra e guerra fria, e os extremismos no campo político internacionalizado, não permitiram a estabilização dos diversos estados nacionais, sob qualquer uma das bandeiras, seja liberal ou democrática, seja conservadora ou republicana, reformista, social-democrática, socialista, etc.
É nos anos 50 que novamente a República Brasileira encontra sua vocação natural, providenciária, sob uma noção sadia de “desenvolvimento” econômico, e com liderança internacional. Novamente, são as contradições persistentes da guerra-fria que interrompem tragicamente esse processo... Nesse caso, é exatamente a política internacional do capitalismo financeiro que se impõe sobre nações e estados, para agravar as contradições e guerras...

As questões de unidade e soberania na formação da nação brasileira não podem ser separadas deste histórico que indica a necessidade de um Estado de caráter providencialista, sem o qual nossa sociedade não concluirá o processo de integração, identidade, auto-confiança, capacidade produtiva, reconhecimento diplomático internacional, etc.
As expectativas de desenvolvimento, democracia, republicanismo, justiça social, assistencialismo não serão realizadas sem o assentamento de uma República capaz de planejamento econômico e controle da emissão monetária -- isto é, muito mais que meramente justiceira, assistencialista, ou promotora do “progresso econômico”, no sentido habitual, estreito, das “taxas de crescimento”... É a própria sociedade brasileira que não possui por si só os condicionantes para que estes valores sejam realizados.




igrejinha de
Macaé de
Cima



60 - Do Cívico

Do Cívico, do Social, da Sociabilidade

Diário de Petrópolis

11 de julho de 2008

O período de quase democratização republicana que se seguiu na sociedade brasileira a partir dos anos 80 deu nascimento a esta política que a fala comum passou a denominar de “fisiologismo”, um termo que não deixa de sugerir um quê de inocência e desprendimento... É injusto se pensar que os políticos são “iguais sempre”. O período de desenvolto fisiologismo dos anos 80 (hegemonia do PMDB, PFL, PTB, PL) não teve precedentes no país em termos das contabilidades partidárias não contabilizadas, organização solidária de colegas para a ocupação das máquinas governamentais através do processo eleitoral, e uso de propaganda sofisticada e truques de marketing para a obtenção da graça eleitoral.

É desse período a imagem do político “oficial”, que tem as vitrines externas cheias de brilho artificial, mas nos fundos de copa-e-cozinha o que ocorre é a “baixaria”. Por comparação, os políticos do coronelismo dos anos 20, e os políticos populares-populistas dos anos 55-64, se expunham mais à sociedade com seus rostos verdadeiros.

Foi nessa sequência que nossos partidos deixaram de representar as correntes da sociedade brasileira, e passaram a ser meramente, mas de forma retumbante, máquinas eleitorais. Aos indefesos eleitores passou-se a induzir o raciocínio de que “tudo que eles querem é o poder”, e os “políticos são todos iguais porisso”... Claro, isto como consequência dos meios de comunicação martelarem a mente dos cidadãos com a idéia de que estar no governo é “estar no poder”. Aquilo que mais se odeia, e mais se acusa, é aquilo que mais se quer, “o poder”, o que por outra via, justifica tudo.

Pergunta-se: quem está no “poder” no Palácio do Planalto? Lula? A burguesia? A Petrobrás? A classe trabalhadora? (Os “bolcheviques”, como quer o Jabour?) Ou os Bancos? O capitalismo especulativo internacional??

Entretanto, caro leitor, este período de “desprendimento” dos políticos dos anos 80 já é coisa do passado. Temos agora o político tipo “máfia”, sem aspas. A nova geração dos politicos brasileiros tem horizontes ilimitados de arroubo e audácia para a coleta de fundos “não contabilizados”, que se tornam finalidades muito mais que “utilitárias” das máquinas fisiológicas, se tornando dourados e refulgentes símbolos de “poder”...

Seus seguidores não são apenas uma claque de correligionários ansiosos por nomeações. Agora são guardas de “honra” armados e do ramo mais treinado nas instituições policiais, prontos para neutralizar ou intimidar qualquer oponente, que seja meramente verbal. Seus colegas não são apenas partidários somando doações benevolentes, mas “laranjas” que passam a colaborar na administração de redes de empresas e fundos fabulosos que se perdem de vista. O suborno, e o grampeamento de telefones de colegas e adversários com mesas de escuta, se tornam práticas comuns. A Casa de Governo, enfim, é uma reunião doméstica comandada pelo chefe, com todos aqueles que são seus seguidores fiéis, “amigos leais do chefe”...

Os chefões eleitorais-partidários se vêem como heróis de confrarias secretas auto-celebradas pertencentes a filmes hollywoodianos... Desenvolvem todos os “desempenhos” do ator cara-limpa, que discorre sobre coisas simples e comuns, que diz que cuida do povo, que diz que “está tudo bem”, quando toda a cena moral se desmorona em volta. Tenha-se como referência o eleitoralmente vitorioso ex-governador dos campos goytacazes, que permanecia na rádio evangélica declarando o quanto era temente ao “Senhor”, na mesma sequência em que comandava esquemas escabrosos com o seu Chefe de Polícia Civil – segundo o que foi apurado pelo Ministério Público e Polícia Federal.

Este novo regime yuppie-cruel está instalado em todo Brasil, a níveis federais, estaduais, municipais. Em Petrópolis, as lesões ao estado civil e a agressão à sociabilidade envolvendo a classe política são neste ano eleitoral de responsabilidade máxima do atual ocupante do Palácio Fadel. Trata-se neste ano não apenas de novas decisões eleitorais, mas de uma necessária cruzada para se restaurar a ética na política municipal.


Lambam$sa na Convenção do PDT Municipal em 2008

* Os sindicalistas agiam como célula com tipo de orientação marxista-leninista. Pode ser que fossem aliados antigos dos brizolistas do Rio, o que não ficou claro; e ainda qual o acordo que teriam com o Lôbo Lupi.

** O Alcaide tinha dívidas e negócios inenarráveis com seu ex-segurança. A partir daqui podemos poupar o leitor de maiores detalhes, exceto para concluir que nem um pingo dourado desses fatos *** saiu na “mídia” local - com a exceção da valorosa inclusão deste artigo pelo Diário de Petrópolis.

*** Incluindo-se o aparato mafioso de Don Pinguim Arlequim Dourado na Convenção, no Bogari, em junho de 2008, com seus guardas-malas e aparelho de escuta telefônica dos colegas (aparelho apontado por um de seus asseclas, e delicadamente mencionado pelo Sargento Gonçalo).

**** Brizola ergueu a mão do candidato a Prefeito na Convenção do PDT em 2000 no clube Bogari [ou Palmeira??].


Comentário 2014

Em 2008, o Prefeito Bem-Sucedido estava ao final de seu segundo mandato. Ele e o Pinguim Dourado ofereceram gorda propina ao Lôbo Lupi para que este ordenasse a intervenção no Diretório local do PDT, para afastar os antigos brizolistas. E eles tudo fizeram atropeladamente, tomando a sede do PDT com capangas e criados, nos acusando de "inoperância", fazendo uso da Renata-16 como “Presidenta Interventora” (“olha que meu marido luta karatê, hein, eu estou ligando para ele no meu celular”)...

O Pinguim [Juvenil] Dourado se mantinha na sombra, para ser o candidato a Vice-Presidente na próxima eleição do Diretório. As luvas da intervenção foram de 450 mil, com 50 mil mensais até as eleições.

Aconteceu que alguns rapazes sindicalistas da Petrobrás (aparentemente inspirados pelos brizolistas do Rio) conseguiram se incluir no grupo a ser votado para chapa dos interventores, a ser legitimado nas próximas eleições do Diretório.* Eles não conseguiram “chapa única” na votação, porque os pedetistas, liderados pela nobre figura do ex-presidente brizolista, organizaram uma “chapa de resistência”... No dia da apresentação das chapas, no casarão em cima da antiga pizzaria Don Corleone, o líder dos sindicalistas audaciosamente anunciou sua inclusão em nossa chapa...!

Foi o caos: o “mestre” Ivo (propinado do Arlequim Dourado, que era então o Presidente da Fundação de Cultura) avisou ao abnegado ex-presidente brizolista: “cuidado, nós somos um tipo de comando vermelho...” Vários rapazes nervosos dos dois lados com armas nas cintas. Ao final, para advertir os dissidentes sindicais petroleiros, foi chamado o guarda de segurança de Don Alcaide Corleone Bomtempo, o Sargento Sangonçalo... A ação habitual do Sangonçalo era apontar sua pesada arma ao desafeto, dando-lhe obscena intimação... O que ele acabou fazendo depois, em três oportunidades, durante a campanha eleitoral, contra membros do grupo do próprio Alcaide, agora seu ex-Chefe e adversário: duas vezes no camarote eleitoral por diferenças com os subordinados; e uma dentro do Gabinete da Prefeitura... Por sorte, o titular não estava presente na ocorrência policial...**


Saturday, June 7, 2025

59 - A Política 2008

Os Partidos

Tribuna de Petrópolis

30 de maio de 2008

Os objetivos do golpe de Estado no Brasil não foram alcançados senão quando a política dos partidos se tornou definitivamente um espetáculo promocional festivo, cheio de tédio, individualista, sob confissões de “alegria” e “dedicação” inteiramente decorativas... Ao povo se oferece para a escolha eleitoral postulantes, da mesma forma que jogadores de futebol para a “grande copa”, ou vedetes para o “grande prêmio do cinema”...

O golpe de Estado nos países latino-americanos não deve ser compreendido como resultado de “interesses ianques” – como se Henry Kissinger, a CIA e o Pentágono, Lincoln Gordon, e todos os outros, trabalhassem para fazer prevalecer os interesses da sociedade de seu país, ainda que de forma violenta, lesando porisso os direitos das sociedades dos países do “terceiro mundo”.

Esses atores, assim como os serviços secretos militares a serviço da CIA, o monopólio das telecomunicações capitaneado por Roberto Marinho nos anos 80, o ataque dos Bushes e de Israel ao mundo árabe, e a candidatura Hilary Clinton, são facções muito bem posicionadas para defender os interesses do super-estado financeiro-feudal promovido pelos banqueiros Rothschild ao longo do séc. XIX, e pelos banqueiros Rockefeller a partir de 1919, com suporte de várias outras dinastias financistas. (Leia-se “Clube Bilderberg”, Daniel Estulin, Ed. Planeta, 2005). Este super-estado paralelo domina o Ocidente, e lesa os interesses dos povos ianques, latino-americanos e europeus igualmente (financiando Hitler, p. ex.).

A idéia de que a classe política precisa ser levada ao ridículo, se tornando uma claque de atores deslumbrados, sendo criadas falsas contradições, e jogando-se os atores uns contra os outros através de propaganda e de meios de comunicação monopolizados; o projeto central de corromper as instituições civis e “minimalizar” o Estado; a promoção da cultura vulgar e pornográfica; a promoção da criminalidade e da polícia corrupta; a compra dos governantes – enfim, são os conceitos centrais do famoso manual “Protocolos de Sion”...

Antes que se diga, estes “protocolos” não pertencem, e não defendem, os interesses supostamente de algum "povo judeu" [no sentido de herdeiros do antigo povo hebreu], os quais são também usados como "massa-de-manobra".

Os Protocolos de Sion, concebidos ao longo do séc. XIX pela dinastia Rothschild e pelos “Illuminati” da Bavária, são uma espécie de “chicletes”: quanto mais se tenta provar que seriam “forjados”, mais fica evidente seu macabro fundo de pura realidade!

A imposição do projeto dos “protocolos” se mostra tipicamente no Brasil com o sucesso eleitoral de Fernando Collor em 1989. A resistência à hegemonia do super-estado monárquico-financeiro se deu na América Latina através de algumas lideranças que entenderam a necessidade de se reforçar os Estados nacionais, e “politizar” a classe política: dar a ela um projeto moral e de compromisso, muito além da mera distribuição de benesses e agrados ao “povo”...

O fato específico que denota a hegemonia dos banqueiros é que nenhum governante, Presidente, Governador, Prefeito, tem qualquer eficácia, caso não tenha “muito dinheiro”: verbas oficiais e bastante “caixa-2”... Ao contrário, sendo um político voluptuoso, vazio, sem projetos, mas com “muito dinheiro”, com certeza o sucesso lhe sorrirá, com aplausos, holofotes e homenagens na “mídia” totalitária.

Nos tempos de antanho, quando a política dos partidos funcionava no Brasil, o país teve o que se poderia denominar um projeto de Social-Democracia. Em sua forma mais verdadeira, este conceito diz respeito à união da classe empresarial que acredita no verdadeiro livre-mercado, com a classe média liberal, e com a classe trabalhadora, contra a oligarquia financeira e os monopólios cartelizados internacionais.

Um Estado Nacional Social-Democrata eficaz, entretanto, não pode depender exclusivamente do torneio eleitoral, tão facilmente manipulado. É necessario a educação política, civil, ética, dos votantes. Esta seria a princípio a função dos partidos.

Contudo, vivemos na perfeita contra-mão da História: ao invés de serem os partidos uma expressão da consciência civil da sociedade, e daí formando seus projetos, e seus quadros, que seriam os candidatos do jogo eleitoral, e que, uma vez eleitos, estariam expressando como líderes estes projetos coletivos partidários, - o que temos são lideranças que se utilizam dos votos partidários e eleitorais para alcançar as máquinas de governo, para dar cargos a seus seguidores, os quais se tornam tropa de choque do líder, se tornando os partidos empresas eleitorais-marqueteiras-propinodutas, que trabalham para os projetos individuais dos líderes, para a reconquista dos Executivos a cada novo torneio eleitoral, o que se repete indefinidamente...

Em tempo: para aqueles que apostam no “enterro de uma sigla”, o retorno de Leonel Brizola e a fundação do PDT foi um exemplo de resistência à politica feudal-financeira no Brasil, em 1980.

C.M.Barroso

 

58 - Assessores e Asseclas


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Homenagem ao amigo do Val, Beto José, da taverna, brizolista e camisa fluminense... desde que assumiu a administração do Parque de Itaipava, trabalhou incansavelmente, sempre fanatizado pela tarefa de confiança que lhe havia sido passada por seu amigo Prefeito em 2001. Nas eleições de 2004, o Prefeito ganhou em 1º turno, iniciando novo período administrativo petulante e insensível. O irmão do Prefeito, que era um cara muito arrogante, assumiu o controle da Fundação Cultural (tendo como Presidente o Swine, codinome, totalmente alheio e inexpressivo).

Eles não produziram nada, como programação artística, apenas fizeram uma reforma super-faturada do Theatro, no valor de 1 milhão e 800 mil. Tratavam mal os artistas e zombavam dos funcionários, e levaram uma grana obscura lá da Fundação, em propinas. Em 2005 eles deixaram o Beto José sem apoio administrativo, e se esqueceram que o Beto era nosso velho amigo do bairro, e vestia nossa camisa...

 

Assessores e Asseclas

Tribuna de Petrópolis

24 de março de 2005

O funcionário público trabalha dois anos inteiros sem férias. Seu principal assessor é afastado. Em consequência o funcionário, que adora sua função, passa a trabalhar também nos horários do assessor, o que significa sábados e domingos. O funcionário reclama de alguma coisa; suas recomendações, úteis ao público, não são ouvidas... A resposta dada ao funcionário: “Mas nós lhe demos um emprego, do que você reclama?!”

A Sentença permanente, que paira na testa de assessores e asseclas de políticos detentores de prerrogativas executivas – “Mas eu lhe dei um cargo” – é a confissão plena e espontânea de como o político vê suas funções.

Não temos aí o interesse público como o elemento essencial. Ao invés de: “Você é nosso amigo, correligionário, você é competente diante do interesse público, portanto recebe um cargo” – o que temos é: “Senta no cargo, aguarda as ordens do Chefe, vamos trabalhar para a vitória do Chefe.” A vida política brasileira contemporânea foi tomada pelo mais desenvolto fisiologismo. Os caciques instrumentalizam os partidos e os cargos bisonhamente ofertados para o estabelecimento de máquinas eleitorais de marketing e clientelismo organizado que visam a manutenção dos caciques no Executivo, para que eles possam “ofertar cargos”, e se manter no que eles supõem ser “o poder”.

Se os partidos fossem minimamente organizados em torno de programas, ideário, tradições, e mesmo fidelidades pessoais; se fossem organizados em termos de quadros solidários, os caciques tomariam posse e diriam: “Aqui estão os cargos, eles representam o partido.” Não haveria mal que um governo fosse organizado como uma república de amigos, e na base da fidelidade pessoal, desde que os quadros representassem um partido, um programa, e não a figura do chefe; desde que representassem o interesse da sociedade. É demais pedir isso hoje em dia. Os políticos precisam vencer a “qualquer preço”, e alcançar “o poder”. Mas o que é o “poder” – nos termos atuais? Apenas os cargos de responsabilidade pública de executar obras, administrar serviços, etc; dispondo do orçamento público, e dispondo os Executivos de ótimos salários e muitos assessores. Os Executivos, neste caso, estão apenas a cumprir suas obrigações, nada mais.

O poder, a política da sociedade, seria de verdade a capacidade de representar a vida social como um todo – de modo a que se possa tratar das causas dos problemas, não de efeitos setorizados, e isso só quem poderia fazer seriam os partidos organizados – quadros e massa inteligentes.

O instinto pequeno-burguês para ser “rico, famoso e importante”, faz de todos prisioneiros do mesmo raciocínio que diz: “Eu quero ser rico, famoso e importante – e você também!” Se a volúpia do indivíduo ascendente é estigmatizada pelas pessoas que têm real preocupação com o estado da sociedade, da cultura, da administração pública, o político ascencional dirá: “Mas você não conseguiu ser rico, famoso e importante – eu consegui!”

Invariavelmente, a dissidência política e as questões pontuais de administração pública são respondidas pela difamação pessoal – que foge ao debate – e desvalorização do indivíduo. Para o pequeno-burguês “tudo” é a luta individual pelo sucesso.

Chega-se a duvidar do valor de uma “democracia” em que o eleitorado é inculto, manipulável, carente – e sujeito a tanto “marketing”, caixa-dois, compra de votos na rua, e até dentro das urnas. O assistencialismo localizado é ato de humanidade, mas o “assistencialismo continuado” é “prejudicial à socialização” (Reinaldo Bezerra). Na prática do clientelismo organizado, que em todas as ações vê o resultado dos “votos”, o estado de carência da sociedade é mantido de forma ideal de modo a requerer o assistencialismo organizado que a administração pública pode oferecer, sem mudar as condições de origem da carência, perpetuando assim os ciclos de assistencialismo e máquina eleitoral.

Melhor, pelo menos, os caciques que, mesmo fora da democracia formal, trabalham pela transformação da sociedade dos carentes e alienados.

C.M.Barroso

 

Comentário 2014

O Beto vivia amargurado e, no princípio de 2006, ele nos deixou... No dia da despedida, o Prefeito apenas mandou representante, uma camiseta do Fluminense... o Beto deixava de ser amigo de infância e correligionário.

Essa forma típica do yuppie-cruel em obliterar todas as fidelidades, e a integridade das biografias pessoais, em função de um afã de sucesso irresistível; e, mais do que isso, quaisquer compromissos com partidos, cartas, declarações de princípios... isso é a própria "direita" em forma "neo-liberal": "mando porque tenho que mandar/ mando porque sei mandar/ mando com meus asseclas"...

O histórico do Prefeito 3 vezes eleito em 2000, 2004 e 2012 é o da traição em cada Curva do Destino: entretanto, fica claro que este é um método seguro para se eleger, e se reeleger duas vezes... e a segunda reeleição toda na contra-mão Judicial.

Leonel Brizola havia tomado a mão do Vereador na Convenção em 2000, e apoiado sua candidatura a Prefeito. Eleito em 1996, havia sido excelente Vereador, mas a cúpula do PDT em Petrópolis preferia apoiar o ex-Prefeito Paulo Gratacós (PSB) para a prefeitura. Com o apoio do Brizola, saiu o Vereador (o que terá ele prometido ao líder??), como candidatura própria do partido. O PDT era numeroso e foi às ruas em peso para a campanha, e ainda elegeu 4 Vereadores... Uma frente ampla se constituiu, com pdt-pt-psb-pcdb-pv, e depois pps... a cidade se encheu de bandeiras vermelhas!

O ex-Prefeito Rattes estava na segunda posição em 2000, na disputa para a Prefeitura contra o então Prefeito Sampaio. O jovem Vereador da frente-de-esquerda na terceira posição, não parecia ter chances em junho... A Direção do PDT procurou o Vereador para lhe avisar que o Rattes queria entrar em negociações. O Vereador esnobou a Direção partidária: "Eu já tenho meus assessores para isso, não preciso do Partido!!"

Ele e o candidato a Vice-Prefeito do PT desprezavam o ex-Prefeito Rattes, que estava então no PPS: "um politico sem compromissos, não é de esquerda!". Na reta final daquelas eleições petropolitanas (sem 2* turno) o Rattes renunciou em prol do Vereador da Frente, e eles ganharam!! O Rattes passou a ser tratado como um "grande cara, gesto nobre!"

O eleito deu alguns cargos a membros do PPS, mas se recusou a qualquer composição política. Em Janeiro de 2001, vinte dias depois tomar posse, o prefeito-novo traiu o PDT, e o compromisso com Brizola, saiu do Partido e se inscreveu, com uma troupe, no PSB... Consequência do morfético sussurro de traição do rapaz radialista de Campos, que havia se tornado Governador em 1998, desmerecendo o PDT, ao qual devia tudo: "Você assina comigo no PSB, vai ter todo o suporte político e econômico do Governador para seu mandato, larga esse pessoal dos brizolistas em Petrópolis".

E no mês de Maio de 2001, o Candidato rompeu com o Vice, e com o PT, e deu início a seu governo autocrático, inteiramente centrado em seu grupo residencial-nepotista, só aceitando puxa-sacos e alguns amigos ultra-cabotinos em cargos decorativos [o cínico-inculto "Judeu-Perfeito" Tobelem, o Brother-Yankee, o Swine], e afastando ao máximo do governo os representantes da Frente de Esquerda, com suas bandeiras vermelhas.....

Novamente em Maio de 2008, o Prefeito, em solene e tranquilo segundo mandato, resolveu trair o candidato do PSB a Prefeito... Os Petistas (o antigo Vice, e o antigo Presidente da Câmara de 2001-02) haviam passado os últimos 7 anos em profundo antagonismo com o Prefeito. Eles foram convidados a tomar posse na Secretaria do Meio Ambiente (desalojando os membros do Partido Verde, ali alojados). Os Petistas estranharam um pouco, mas decidiram aceitar. Em seguida, foi decidido que o representante do PT deveria se tornar, de súbito, a indicação do Prefeito como candidato a seu sucessor ... Todavia em Junho o Prefeito traiu o representante do PT, e não apoiou mais ninguém.

youtube.com/watch?v=b5DuFsgBWYk

Em 2013 o Prefeito decidiu trair Alexandre Cardoso, que havia sido seu padrinho no PSB, e convocou um afastamento do PSB do Rio da aliança com PT e PMDB. Em 2014, com mandato de "mágico" - que escapuliu da suspensão judicial da candidatura e do mandato - se credenciava para apoiar Marina, o mais novo anjo exterminador da política nacional.

youtube.com/watch=yz3dZRaKCpk