Lisboa: Paço da Ribeira, antes do terremoto de 1755
4.0. Em toda a História das Humanidades que conhecemos, o Modo Militar é a Forma Antropológica inicial. O Modo Militar é a forma social dos guerreiros, com seus generais e soldados seguidores. Com a vitória na guerra, o General vencedor se torna Rei Hereditário. Esta forma assim evolui para o Modo Monárquico, como forma de regência da sociedade.
O Modo Monárquico evolui para uma Forma Política, onde o Príncipe passa a governar para os súditos, é aceito, chega a ser celebrado. A Forma Política evolui para o Modo Cívico, onde as disputas políticas são levadas a termo de negociações, surgindo tipicamente como institucionalidades republicanas. A Forma Cívica finalmente abre o espaço para as formas de Sociabilidade: convívio comunitário, arte e cultura, comunismo produtivo.
4.1. A fórmula que ficou famosa como “ditado de Clausewitz” necessita de uma perfeita inversão: a Política é a Continuação da Guerra, por outros meios.
4.2. Assim como em Marx &Engels o Modo de Produção, a Divisão Social do Trabalho, é a Forma Antropológica mais determinante nas sociedades européias industriais, burguesas, do séc. XIX – a forma do Modo Militar é a mais determinante para todos os períodos históricos anteriores, ao longo dos séculos.
Entretanto, as classes burguesas perdem as regências do modo aristocrático, mas não conseguem estabelecer regências republicanas bem-sucedidas. Elas sofrem insurreições, ou têm que recorrer a caudilhos.
4.3. No séc. XX, a regência da Classe Financeira Internacional é um novo reinado de Regência desconhecido: baseado em jogos de propaganda, coleta de informações, e prêmios dirigidos aos Asseclas. A economia burguesa é subordinada ao financismo; os militares se atêm ao carreirismo; e os líderes políticos se submetem ao fisiologismo.
Veja nas páginas iniciais desse blogue.
Dom João IV deu início à Dinastia Bragança em 1640.
Nos anos de 1580 até 1640, Espanha e Portugal estavam sob a mesma regência da coroa espanhola, com Felipe II e Felipe III. A Dinastia Bragança deu início ao Mercantilismo propriamente dito, em que a vida econômica era regida desde a Coroa, com as expedições militares dirigidas, cartografias e levantamentos, controle da emissão da moeda, e da obtenção do ouro e da prata, e da balança de exportações vs. importações.
O Princípio Diretor dos Estóicos
Apolo, Ática / Ano 277 das Olimpíadas
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5.0) O Princípio da Regência e o Estado
Veja Apostila O Histórico-Antropológico; 2023, do Autor:
5.1) Os Povos necessitam de Príncipes e Repúblicas: O modo militar, aristocrático, monárquico evolui naturalmente para um Modo de Regência da sociedade. Não apenas os aristocratas impõem uma ordem civil de convivência ao povo: O povo também gostaria de ter uma Regência... que apenas os permitissem “viver em paz”.
5.2) O Princípio Diretor dos Estóicos: Na tradição dos filósofos Estóicos na Grécia (fundação da Stoa por Zenão de Citium, próximo a 300 aC), o Hegemonikôn designa a parte mais excelente da alma, seja do Zeus, divindade universal, seja de cada um dos deuses, ou dos humanos. Como consequência da atividade do Hegemonikôn do Zeus e seus auxiliares, todo o universo é atravessado por um Princípio Diretor ou de Regência.
Este termo é também muitas vezes traduzido como o atributo, ou “faculdade” de comando. No devir universal, ou Heimarmêne, os deuses são laboriosos, não oniscientes e onipontentes, mas produtivos, prodigiosos. Também eles devem produzir sínteses dialéticas na História Universal...
5.2.1) Para os humanos, o Hegemonikôn é a parte diretora, na alma, para as atividades do corpo físico e da consciência dos indivíduos.
No registro histórico dos poucos fragmentos de textos que restaram dos fundadores da Stoa, dessa concepção de Regência, que produz a Lei Universal, Zenão e Cleanthes derivavam uma ética de adesão, ou de se “viver conforme” as Leis da Natureza, Leis de Zeus, etc. Dessa forma temos uma Filosofia semelhante à do Logos Universal, de Heráclitos de Êfesos, ou do Tao Celestial, de Lao Tze, ambos contemporâneos em cerca de 500 aC.
5.3) Seja como fôr, a expectativa e a previsão da Regência surgem na natureza social – podem ser empiricamente determinadas, como interpretação da história, isto é, como Disciplina da História.
5.4) A Nação e o Estado: Quando uma Nação surge, se estabiliza, supera a violência das guerras inter-tribais, os representantes do poder nacional dão nascimento ao Estado da nação...
De início estas duas estruturas antropológicas compõem uma mesma realidade. Entretanto, com o tempo o Estado da nação se desdobra em sua vida interna: por maior que sejam os conflitos internos, os conflitos de classes, etc, o Estado surge como necessidade de estabilidade. Sendo despóticos os governantes, ou benévolos, a necessidade de mediação e estabilidade é uma demanda social, coletiva. Há um limite para os governantes despóticos uma vez que sua violência pode resultar em sua destituição... Em caso de guerra civil, não apenas o Estado é reconstruído, mas a própria Nação morre para nascer de novo.
Ou seja, a Nação como o resultado da vitória alcançada num concurso de guerras, e o Estado, não são apenas o resultado dos desejos, das ambições ou anseios dos povos: são estruturas sociais que levam os indivíduos, reis, generais, políticos, soldados, à ação, sem que eles tenham plena consciência do que fazem. A demanda surge no conjunto social, antes que os indivíduos decidam o que fazer a respeito.
5.5) Na formação da humanidade que nós conhecemos (limite empírico) sempre há uma sequência em que as nações surgem como resultado dos acordos, vitórias e derrotas na guerra. Em seguida, os chefes militares assumem casas reais e passam a ser estadistas. É a origem da noção de aristocracia como nobreza: “Aqueles que um dia lutaram” / “Agora assumem a governança”... Com a evolução da Regência reconhecida, esta adotará a forma de um Parlamento Real, e de vários tipos de Conselhos, ministeriais e judiciais; estes por sua vez evoluirão para um Estado Republicano. Todavia um Príncipe, mesmo um Condottiere burguês, poderia se manter indefinidamente, enquanto “Amado pelo Povo” / “Respeitado por seus Generais”.
Caso os Aristocratas sejam capazes de formar um Estado mediador dos conflitos internos, obtendo reconhecimento ou admiração nas camadas sociais, o Estado passa a ser o reiterador, o garantidor da Nação. Se os primeiros Reis forem arrogantes e desiguais, eles serão derrubados: novos governantes serão instaurados, no mesmo Estado; ou, o Estado é destruído, e com ele a própria unidade da Nação.
5.6) Contudo, para a análise das Nações e seus Estados que se originaram a partir das colônias européias, a sucessão Nação/Estado adquire aspecto diferente. Em cada caso, são os Estados formados nas colônias (Vice-Reinados) que recebem o encargo de criar a Nação a partir dos Estados.
Castelo em que nasceu Afonso Henriques, em 1109. Henriques era filho do Cavaleiro da Borgonha Henrique, que havia herdado Portucale em 1096 como um Condado da Coroa de Castela, depois de se casar com uma das filhas do Rei Afonso VI.