A DÉCIMA-TERCEIRA TRIBO
O Império Khazar e sua Herança
Arthur Koestler, 1976
Este livro traça a história do antigo Império Khazar, uma potência de grande expressão mas já quase esquecida da Europa Oriental, que se converteu ao Judaísmo no ano de 740 ad. A Khazaria, uma coglomeração de tribos Caucasianas, foi ao seu final destruída pelas forças do Gengis Khan [1206 ad], mas as evidências indicam que os Khazarianos remanescentes emigraram para a Polônia e formaram os antepassados dos Judeus Ashkenazim.
Os domínios dos Khazarios [Khazares] se extendiam desde o Mar Negro até o Mar Cáspio, desde o Cáucaso até o Volga, e eles foram um instrumento para bloquear o assalto muçulmano contra Byzantium – o braço mais oriental do formidável movimento na forma de pinça que na parte ocidental varreu o norte da Africa e a Espanha.
Após este período os Khazarios se viram em uma posição precária entre as duas maiores potências mundiais: O Império Romano do Oriente em Byzantium, e os seguidores triunfantes de Mohammed. Conforme assinalado por Arthur Koestler, os Khazarianos eram a terceira potência da época, e eles escolheram um método surpreendente de resistir tanto à pressão do Ocidente para que se tornassem cristãos, quanto do Oriente para que adotassem o Islã: Rejeitando ambos, eles se converteram ao Judaísmo.
A segunda parte do livro de Mr. Koestler trata da migração dos Khazarianos para os territórios da Polônia e Lituânia, como consequência da invasão Mongol, e o impacto deles na composição racial e costumes sociais dos judeus modernos. Ele apresenta um corpo volumoso de pesquisas detalhadas e meticulosas em favor de uma teoria que soa tanto mais convincente devido ao cuidado com que é desenvolvida.
Mr. Koestler conclui:
“A evidência apresentada nos capítulos precedentes reforça o argumento a favor daqueles historiadores modernos – sejam Austríacos, Israelenses ou Poloneses – aqueles que, de forma independente, defenderam a tese de que a parte mais significativa dos judeus modernos não é de origem
Palestina, mas sim Caucasiana. A corrente maior das migrações judaicas não percorreu a região do Mediterrâneo através da França e da Germania, até para o Leste, e daí retornando. A corrente se deslocou numa direção
consistentemente para o Oeste, desde o Cáucaso através da Ukrania e até a Polônia e daí para a Europa Central. Quando aquele assentamento em massa sem precedentes na Polônia veio a ocorrer, não havia simplesmente um número suficiente de Judeus na Europa Ocidental para lhe dar explicação. Ao passo em que no Leste uma nação inteira se movia para novas fronteiras."
“Os Judeus de todos os tempos se incluem em duas divisões principais: Sepharadim e Ashkenazim. Os Sepharadim são descendentes daqueles Judeus que desde a antiguidade viviam na Espanha (Em hebráico Sepharad) até que foram desalojados a final do séc. XV e se estabeleceram nos países vizinhos ao Mediterrâneo, nos Balcãs, e em menor escala na Europa Ocidental. Eles falavam um dialeto hispânico-hebráico, o Ladino, e preservavam as suas tradições e ritos religiosos. Nos anos de 1960, o número de Sepharadim era estimado em 500.000. Os Ashkenazim, no mesmo período, se contavam na casa dos 11 milhões. Com isso, em termos da concepção comum, um Judeu é praticamente sinônimo de Judeu Ashkenazim.”
Nas próprias palavras de Mr. Koestler, “A história do Império Khazar, tal como lentamente surge do passado, começa a se parecer como a mais cruel falsificação que a história jamais concebeu.”
Mr. Koestler era um Judeu Ashkenazim e sentia orgulho por sua ancestralidade Khazar. Era também um escritor de muito talento e bem sucedido que publicou mais que 25 romances e ensaios. Seu livro mais conhecido, Darkness at Noon, foi traduzido em 33 idiomas.
Como se poderia esperar, A Décima-Terceira Tribo causou bastante repercussão quando publicado em 1976, uma vez que demolia antigos dogmas raciais e étnicos... No auge da controvérsia em 1983, os corpos sem vida de Arthur Koestler e sua esposa foram encontrados em sua residência em Londres. A despeito de inconsistências significativas, a polícia encerrou o caso com laudo de suicídio.
* * *
Edição Brasileira: OS KHAZARES, Relume Dumará, 2005, RJ
Arthur Koestler é autor ainda de um importante ensaio sobre os primeiros físicos e astrônomos do Renascimento [Os Sonâmbulos, Copérnico, Galileu, Kepler].
Obs – É importante observar que o historiador Koestler defende, sem prejuízo de sua tese, a implantação do estado de Israel. Ver Apêndice 4. Considerando que “o problema da
infusão khazariana de mil anos atrás, embora fascinante, é irrelevante para a moderna Israel.” Considerando “o direito à existência do Estado de Israel ... não baseado nas origens hipotéticas do povo Judeu, ou numa consagração mitológica de Abrãao junto a Deus” – porém “baseado na lei internacional, i.é, na decisão da ONU de 1947 de fazer a partição da Palestina, que já fôra uma província turca, então um território sob mandato Britânico, em dois estados, um Judeu e outro Árabe”. E acrescentando o historiador que: “como questão de fato histórica
determinada, a partição da Palestina foi o resultado de um século de emigração judia pacífica e esforço pioneiro, o que provê a justificativa ética para a existência legal do Estado”...
Levando-se em conta todas estas considerações, é justamente o último item ético aquele que não se cumpre, com o massacre de 1948, as milícias Stern, Irgun e Haganah, os massacres de Chatila e Sabra de 1983, o atentado a Itzhak Rabin, etc. Ou seja, a ocupação do estado de Israel em nada foi pacífica, ou de convívio desenvolvimentista. E os “pacíficos emigrantes” começaram achegar em 1877 a convite e com o financiamento do então Barão de Rothshild, e não da ONU... Este banqueiro “barão” (título nobre adquirido) que coincidentemente financiara o investimento britânico no Canal de Suez em 1875.
Ilan Pappe 2024:
operamundi/historiador-ilan-pappe-e-interrogado-pelo-fbi
The Ethnic Cleasing of Palestine
Ilan Pappe
De acordo com: Ilan Pappe, The Ethnic Cleansing of Palestine:
-- Porém este esquema não estava de acordo com os planos Zionistas. Para poder rejeitá-lo David Bem Gurion – eventualmente Primeiro Ministro, mas sendo o lider de-facto – concebeu o primeiro estágio da limpeza étnica da Palestina. Pappe diz que a operação foi denominada Plano D. O processo que veio a seguir é o que o Povo palestino chama de Nakba, ou catástrofe de 1948. Ben Gurion e seu grupo central assumiram dois grupos terroristas israelitas, Stern e Irgun, assim como a jovem força de segurança denominada Haganah, e começaram a fazer a expulsão dos Palestinos em suas terras. Durante os anos de 1947/48 estas forças sistematicamente mataram muitos Palestinos homens e expeliram os moradores em mais de 500 povoados, e muitos de cidades palestinas tradicionais, exceto em Jerusalem. Eles forçaram mais do que 800.000 Palestinos ao exílio na Jordânia – que na época incluía a Cisjordânia [antiga Galiléia] – e para os paises vizinhos.