Tuesday, April 22, 2008

17-Xadrez do Cabal

The Secrets of the Federal Reserve

Eustace Mullins, 1991

Bridger House Publishers, Nevada

As Três Estruturas, pag. 26, adendo

[Trad.//Comentários C.M.B.]

Assim como a família Warburg, os Von Schroeder começaram suas operações bancárias em Hamburg... em 1900, o Barão Bruno von Schroeder estabeleceu o braço londrino da firma. [...] Durante a Primeira Guerra Mundial, a Corporação Bancária J. Henry Schroeder desempenhou um importante papel por trás do cenário. Nenhum historiador tem uma explicação razoável de como a Primeira Guerra começou. [pag. 69]

“Embora todos os principais da Conexão Londrina fossem originários da Alemanha, a maioria deles de Frankfurt, na época em que eles patrocinaram a candidatura de Hoover para a Presidência dos EUA, eles estavam operando desde Londres, assim como o próprio Hoover havia feito em quase toda sua carreira.

“Hoover havia também realizado um certo número de empreendimentos de mineração em várias partes do mundo como um agente secreto para os Rothschild, e havia sido recompensado com uma diretoria em uma das principais empresas Rothschild, as Minas do Rio Tinto na Espanha e Bolívia.” [pag. 72]

“Em 1928, a Conexão Londrina decidiu concorrer com Herbert Hoover para a Presidência dos Estados Unidos. Havia somente um problema: embora houvesse Hoover nascido nos EUA [de acordo com a Constituição]... ele nunca havia tido um endereço de negócios ou de moradia nos EUA, uma vez que havia se transferido para o exterior após ter completado seus estudos universitários em Stanford. O resultado foi que durante sua campanha para a Presidência Hoover teve seu endereço listado... em Nova Iorque, que era [dos sócios] da Corporação Bancária J. Henry Schroeder.

“Após ter sido eleito... Hoover insistiu em apontar um daqueles da velha turma londrina, Eugene Meyer, como Governador da Mesa Diretora da Reserva Federal... Meyer, junto com Baruch, havia sido um dos homens mais poderosos nos Estados Unidos durante a Primeira Guerra Mundial, um membro do famoso Triumvirato que exerceu poder sem paralelo – Meyer como Diretor da Corporação Financeira da Guerra, Bernard Baruch como Diretor da Comissão das Indústrias de Guerra, e Paul Warburg como Governador do Sistema da Reserva Federal.

“Um crítico de longa data de Eugene Meyer, [o parlamentar] Louis McFadden, Presidente da Comisão Bancária e da Moeda da Câmara dos Deputados, foi citado pelo New York Times (Dec. 17, 1930) como havendo feito um discurso da bancada da Câmara atacando a  indicação de Meyer, e com denúncias de que ‘ele representa os interesses Rothschild e é um oficial de ligação entre o governo francês e J.P. Morgan’.” [pags. 74, 75]

“Não contente em ter um amigo na Casa Branca, a Corporação J. Henry Schroeder logo estava se mobilizando para novos empreendimentos internacionais, nada menos do que um plano para desencadear a segunda guerra. Isto veio a ser feito com a provisão, numa conjuntura crucial, do financiamento para que Adolph Hitler assumisse o poder na Alemanha. Embora um número variado de magnatas tenha recebido crédito pelo financiamento de Hitler, incluindo-se Fritz Thyssen, Henry Ford, e J.P.Morgan, eles, assim como outros, propiciaram milhões de dólares para suas campanhas políticas durante os anos 20, assim como o fizeram para outros que também tinham uma chance de vencer, mas que no entanto desapareceram, para nunca mais se ouvir falar deles. Em dezembro de 1932, parecia inevitável para muitos observadores do cenário na Alemanha que também Hitler estava prestes a sofrer seu deslizamento de tobogan para cair no esquecimento. Apesar do fato de que ele havia se saído bem nas eleições nacionais, ele havia gasto todo o dinheiro obtido com suas fontes habituais e agora se confrontava com pesadas dívidas. Em seu livro Agression, [London, 1934] Otto Lehman-Russbeldt nos conta que

Hitler foi convidado a um encontro no Banco Schroeder em Berlim, em 4 de Janeiro de 1933. A liderança dos industrialistas e banqueiros da Alemanha deu cobertura a Hitler em suas dificuldades financeiras e o permitiram dar conta do enorme débito no qual havia incorrido relativo à manutenção de sua guarda militar. Em troca, ele prometeu quebrar a força dos sindicatos. No dia 02 de Maio de 1933 ele cumpriu sua promessa.

“Presentes ao encontro de 4 de Janeiro de 1933 estavam os irmãos Dulles, John Foster Dulles e Allen Welsh Dulles da firma jurídica nova-iorquina Sullivan& Cromwell, que eram representantes do Banco Schroeder. [...]

“Allen Dules posteriormente se tornou um Diretor na companhia J. Henry Schroeder. Nem ele, nem Henry Schroeder haveriam de ser suspeitos de serem pró-Nazi, ou pró-Hitler – o fato inescapável foi que se Hitler não tivesse se tornado Chanceler da Alemanha, haveria pouca probabilidade de se chegar a uma segunda guerra mundial, a guerra que viria a dobrar seus lucros. ” [p. 75]


Comentário

Hitler havia iniciado sua carreira política com um pequeno grupo sindicalista que se tornou o Partido do Trabalhador Alemão. Logo traiu seus compromissos e se apossou do Partido para concorrer às eleições nos anos 20, modificando a denominação para Partido Nacional Socialista do Trabalhador Alemão.

Mullins sugere que Hitler iria “deslizar para o esquecimento”, apesar de que seu NSDAPartei havia desafiado a hegemonia dos comunistas e social-democratas no Parlamento nas duas eleições de 1932. Não tendo programa ou objetivo coerente, Hitler e seu partido Nazi certamente seriam triturados pelo processo social na república de Weimar, que havia tornado impotentes outros partidos bem mais organizados. Nas eleições de março de 1933, o NSDAP obtém 288 cadeiras contra 120 dos social-democratas e 81 dos comunistas.

A reunião de Hitler com as lideranças capitalistas no banco Schroeder em janeiro de 33 poderia confirmar o habitual modelo de uma classe burguesa empresarial “em guerra” constante com as classes trabalhadoras.

A classe burguesa alemã havia sido liderada pela monarquia no séc XIX, era anti-usurária e nacionalista, poderia muito bem obter apoio com os trabalhadores urbanos se quizesse. Esta classe estava tão confusa com a derrota na guerra, quanto estavam as outras classes: os Junkers, proprietários feudais que sustentavam a Monarquia enviando seus filhos para os quadros militares; e os liberais, os sindicatos, e os nacionalistas, que tentavam dar forma à nova República. A expressão política natural da classe burguesa alemã seria junto aos partidos de Centro, o Católico e o Liberal-Democrata, como foi depois: não seria através do partido nazista.

O esforço político de alguns burgueses contra trabalhadores também está presente, mas somente naquele setor que foi cooptado pela ideologia, pelos fins políticos da classe feudal financeira. A campanha do delirante chanceler Adolph serve para que os banqueiros deixem as classes médias e burguesas neutralizadas pela propaganda com os terrores ideológicos “comunistas e judeus”, de um modo que desarticula a nascente república alemã. Não parece ser este o papel histórico da burguesia nacional alemã.

Entretanto, o material histórico mostra que os banqueiros internacionais (articulados no Banco de Londres, com seu presidente Montagu Norman) realmente intencionavam armar a Alemanha nazista contra a Rússia bolchevique.

Os mesmos planejamentos e táticas de ambiguidades e capatazes na República de Weimar são utilizados nos golpes de estado militares na América Hispânica posteriormente e, de forma violenta, no mundo árabe.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Jogo de Xadrez do Cabal


A Série do Poder Financeiro, segundo a sucessão histórica dos Jesuítas, dos Rothschild, Morgan, Rockefeller, etc, se inscreve de modo nítido no empirismo contemporâneo. Na tentativa mais sincera de interpretar o misterioso "Cabal" e sua genealogia, os autores, para não cair na tentação do mero "conspiracionismo", descobrem aos poucos que há um novo "modo de produção", e uma nova "classe no poder" - esta classe é a do capitalismo financeiro.
Ela forma seu Estado ao longo do século 19, com as "lojas" secretas e as dinastias ultra-concentracionárias, que vivem ao largo das repúblicas burguesas na Europa. Como tal, as dinastias são herdeiras de um "poder" (ou modelo de ação) financeiro, já praticado pelo Vaticano (que obteve a carta para um banco londrino em 1694, com seus salvadores lastros em ouro) e por um ramo da aristocracia anglo-saxã (Casas Hanover /Korburg /Wilson), antes da ascensão da Casa Rothschild no séc. 19.
A sociedade secreta de Cecil Rhodes foi criada na última década do século 19 para promover a supremacia cultural e comercial inglesa, nos termos da classe burguesa empresarial. Como influente sociedade para-estatal, fundadores do Royal Institute of International Affairs em 1919 (o RIIA - e do CFR dos Rockefeller, Morgan em 1921), esta associação de elite se torna o centro das atividades secretas para onde convergem os interesses das dinastias financistas, que se casam, e se sobrepõem, aos interesses do capitalismo colonial inglês. Com esta nova disposição, poderíamos afirmar que o modo do capitalismo comercial-industrial começou a ser substituído pelo capitalismo usurário feudal das dinastias.


Depois da Primeira Guerra, com a fundação do Federal Reserve em 1913 e com o Tratado internacional de 1919 (inclusão de Wall Street), fica estabelecido o Super-Estado do Capitalismo Financeiro, paralelo e superior aos Estados Nacionais - popularmente, o “Cabal”:
É com seu rosto zombeteiro que ele aparece uma vez por ano nos encontros secretos do Bilderberg, quando a classe intermediária dos empresários e políticos internacionais recebe suas cartas e instruções.

A Razão Burguesa parece não ter triunfado, enfim... O sistema político da modernidade evolui para um modo feudal e monárquico, a classe burguesa não está mais no “poder” (classe dominante).
O empirismo dos jornalistas, civis, acadêmicos, militares da reserva, percebe que o Cabal não é "maquiavélico": de fato, na acepção popular, é "mafioso"... Ele não trabalha mais, exclusivamente, pelo "lucro", uma vez que se tornou capaz de criar moeda de valor artificial. Seu diferencial, sua política, são a "fundo perdido": sua "mais-valia" é a moeda "fiat"...

 

Quigley



 

 

 

 

 

 

Tragedy and Hope

A History of the World in our Time
Macmillan N.Y., 1966

Carroll Quigley [Kérroll Qüigley] foi Catedrático da School of Foreign Service, na Universidade de Georgetown. Após se graduar magna cum laude em Harvard, em 1933, aos 23 anos, ele se tornou o mais jovem Ph.D desta Universidade. Depois de ter sido professor em Harvard e Princeton, se transferiu para Georgetown, onde por 28 anos consecutivos o conselho dos alunos o escolheu como o Professor mais influente. Em 1949 ele escreveu a tese mais relevante e bem fundamentada sobre os Grupos "Rhodes", ou "Milner" - o clube seletivo dos magnatas e banqueiros do colonialismo inglês no início do séc XX.
carrollquigley.net/books
Este trabalho, de referência exemplar, no entanto, só foi publicado em 1981 = THE ANGLO-AMERICAN ESTABLISHMENT, 1949 [1981]

Tragedy and Hope é um histórico mundial de 1.320 páginas que cobre o período de 1890 a 1964. Nessa obra o autor considera que o capitalismo financeiro é apenas o terceiro estágio da evolução do capitalismo: depois das etapas comercial e industrial, o capitalismo teria sua etapa financeira (1850-1932), que teria sido superada pelo capitalismo monopolista, seguida por uma etapa de economia pluralista.

Em sua avaliação histórica dos poderes do capitalismo financeiro, Quigley parece dar todavia pouco relevo ao momento em que todas as principais casas bancárias se coordenaram para a fundação e privatização de um banco central nos EUA, o Federal Reserve, em 1913. Nesse episódio, conforme todos os outros autores (citados), a firma J.P.Morgan havia se tornado a representante da Casa Rothschild, jamais um concorrente, e da mesma forma os Kuhn&Loeb, os Lazard, e os Warburg: a exemplo de Paul Warburg, que se transferira de Hamburgo para Nova Iorque para liderar a fundação do FED, se tornando cidadão ianque.

O estudo da economia do capitalismo financeiro feito pelo autor permite compreender o quanto a política dos banqueiros em exigir o retorno ao padrão ouro resulta exclusivamente do interesse em receber suas dívidas segundo os valores iniciais históricos, não segundo a forçosa desvalorização, o que acabou sendo imposto aos banqueiros pelas classes burguesas nacionais nos anos 30 e 40. Por esta razão Quigley considera findo o período do capitalismo financeiro, não considerando que o capitalismo monopolista que lhe segue é de companhias multinacionais inteiramente compradas e/ou controladas pelos banqueiros.